Neste texto, toma‑se o desenvolvimento do dispositivo de reconhecimento, validação e certificação de competências como mote para debater opções na reforma do Estado quanto ao seu envolvimento na provisão do bem‑estar social. Argumenta‑se que o Estado português, em consonância com horizontes reformistas da matriz sociopolítica de governação e do Estado gestionário, criou uma oferta pública de educação e formação de adultos desvinculada de um sistema público, que passa pela contratualização e pela fundação de um quase‑mercado e coloca sob contingência direitos sociais e humanos de produtores e de beneficiários do serviço público. O percurso estudado é marcado por tensões entre uma política social multidimensional e uma política para/segundo a economia, de cariz qualificacionista, particularista e compensatório. A dinâmica em curso afirma a educação, o Estado e a governação como terrenos de luta, conflituais e contraditórios, em que têm lugar a acção e o enfrentamento políticos. This paper traces the development of the mechanism for the recognition, validation and certification of skills as a means of discussing state reforms in the provision of social welfare. It is argued that the Portuguese state, in keeping with the reformist aspirations of the sociopolitical matrix of governance and the managerial state, has created a public supply of adult training and education that is disconnected from a public system, involving contractualization and the foundation of a quasi-market and conditioning the social and human rights of public service producers and beneficiaries. The trajectory is marked by tensions between a multidimensional social policy and a qualificationist, particularist and compensatory policy oriented towards, and in accordance with, the economy. In the ongoing dynamics, education, the state and governance become conflictual and contradictory terrains of struggle in which political confrontation and action take place. Dans ce texte, nous prenons le développement du dispositif de reconnaissance, de validation et de certification de compétences comme base pour débattre des options dans la réforme de l’État quant à son engagement dans la promotion du bien-être social. Nous y défendons que l’État portugais, en consonance avec des horizons réformistes de la matrice sociopolitique de gouvernance et de l’ État gestionnaire, a créé une offre publique d’éducation et de formation d’adultes détachée d’un système public, qui passe par la contractualisation et par la fondation d’un presque - marché et place sous contingence des droits sociaux et humains de producteurs et de bénéficiaires du service public. Le parcours étudié est marqué par des tensions entre une politique sociale multidimensionnelle et une politique pour/selon l’économie, au caractère qualificateur, particulariste et compensatoire. La dynamique en cours affirme l’éducation, l’État et la gouvernance comme des champs de bataille, conflictuels et contradictoires, où se déroulent l’action et la confrontation politiques.