Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Inglês: Estudos Linguísticos e Literários, Florianópolis, 2016. Abstract : The problem addressed in this thesis concerns the analysis of William Charles Macready's reconstruction of Shakespeare's King John in Victorian London. During the nineteenth century, the Medieval Revival movement achieved its peak. This movement aimed at reviving the Middle Ages as the glorious birth of English culture and identity in opposition to the Ancient Roman and Greek traditions. As a consequence, artistic manifestations which expressed medieval themes gained prominence, including Shakespeare's historical plays. Macready's production of King John premiered at Royal Theatre Drury Lane on 24 October 1842, therefore, during the heyday of the Medieval Revival. My initial questioning was on the implications of this medievalist trend of the nineteenth century in Macready's production. My initial hypotheses were two: Macready's production followed the general Victorian perspective on the Middle Ages, which was romanticised and idealised; or his production maintained a more negative outlook on the medieval past, characteristic of the Renaissance period, in which Shakespeare wrote the original play. What I came to realise during this study was that in Macready's case both perspectives intertwined on the Victorian stage. My analysis is based on postmodern discussions on history, historiography, and theatre historiography, mainly supported by the works of Linda Hutcheon, Hayden White, Thomas Postlewait, and Richard Schoch. Schoch's concept of double-voiced historicism¬ permeates this thesis. From his concept, I have created the notion of double-voiced medievalism, which is the combination of two different perspectives on the Middle Ages in one artistic manifestation. The main corpus of the present analysis was Charles Shattuck's published version of Macready's prompt-book for Shakespeare's King John. O problema abordado nesta dissertação diz respeito à análise da reconstrução de William Charles Macready da peça King John de Shakespeare na Londres vitoriana. Durante o século XIX, o movimento Medieval Revival atingiu o seu auge. Esse movimento destinava-se a reviver a Idade Média como o glorioso nascimento da cultura e da identidade inglesas em oposição às tradições da Antiguidade Greco-Romana. Como consequência, as manifestações artísticas que expressavam temas medievais ganharam destaque, incluindo as peças históricas de Shakespeare. A produção de King John de Macready estreou em 24 de outubro de 1842 no Royal Theatre Drury Lane, portanto, durante o auge do Medieval Revival. Meu questionamento inicial foi sobre as implicações dessa tendência medievalista do século XIX na produção de Macready. Minhas hipóteses iniciais eram duas: a produção de Macready seguiu a perspectiva geral vitoriana sobre a Idade Média: romantizada e idealizada; ou a sua produção manteve uma perspectiva mais negativa sobre o passado medieval, típica do período da Renascença, em que Shakespeare escreveu a peça original. O que eu vim a perceber durante este estudo foi que, no caso de Macready, ambas as perspectivas se entrelaçaram no palco vitoriano. Minha análise é baseada em discussões pós-modernas sobre história, historiografia e historiografia do teatro, tendo como suporte, principalmente, os trabalhos de Linda Hutcheon, Hayden White, Thomas Postlewait e Richard Schoch. O conceito de double-voiced historicism de Schoch permeia esta tese. A partir do seu conceito, eu criei a noção de double-voiced medievalism, que é a combinação de duas perspectivas diferentes sobre a Idade Média em uma manifestação artística. O principal corpus da presente análise foi a versão publicada de Charles Shattuck do prompt-book de Macready da peça King John de Shakespeare.