RESUMO: A peça de teatro As moscas, de Sartre, será abordada com o intuito de acompanhar o modo como seu autor reinventa o mito de Orestes, presente na tragédia grega. Sartre subscreve pontos de partida que nos fazem perceber que, em seu diálogo com a tradição, ele trabalha com a liberdade no avesso da necessidade, o que termina invertendo a tradição. Ele adota certa concepção da relação entre o passado e o mundo atual que nos permite ler o mito de Orestes de tal forma que ele não exclui o passado, antes, o exige. Orestes não se faz do nada, sua ação não se estabelece através de uma simples continuidade com o passado. Trata-se de investigar a importância que o passado desempenha no interior dessa peça, assim como indicar, a partir desse ponto de vista, o lugar que nossas aquisições devem ocupar no mundo atual. ABSTRACT: The aim of the present article is to shed some light on how Sartre recreates Orestes myth in his play The flies. Sartre show us that his dialogue with the tradition works with freedom as the other side of necessity, which leads to the inversion of tradition. He works with such a conception of the relation between past and present which enable us to consider Orestes in a way that the past is not excluded; on the contrary, it is demanded. Orestes is not out of nowhere, and at the same time his actions are not simply the continuation of the past. The present article intends to analyze the role played by the past in Sartre’s The flies, as well as to point, from this particular standpoint, the place off human acquisitions should have in our present world.