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Com as aulas escolares realizadas remotamente, devido à pandemia de Covid-19, professores da educação básica se viram em uma série de desafios nos anos 2020-2021, entre eles, o de mobilizar o interesse dos jovens pela leitura literária. Em vista disso, este trabalho teve como objetivo geral incentivar a leitura e a escrita de modo significativo nos anos finais do ensino fundamental, em contexto remoto. Para tanto, elaboramos e analisamos um objeto educacional, explorando as possibilidades de a escrita criativa de fanfictions potencializar o letramento literário. Os principais aportes teóricos utilizados foram: Cosson (2006, 2021) para sequência expandida e letramento literário; Assis Brasil (2015), Gando e Taufer (2020), Leitão (2008) e Magalhães (2017) para escrita criativa; Jamison (2017), Nascimento (2020) e Vargas (2005) para o gênero fanfiction. Por fim, concluímos que o objeto educacional elaborado associa a escrita criativa ao letramento literário de modo produtivo, especialmente porque se ancora na proposta de construção de uma comunidade de leitores que compartilhem relações singulares com a leitura literária na produção de fanfics. Esperamos que nossa proposta possa incentivar professores a desenvolverem projetos de letramento literário e colaborar para a democratização da prática da escrita criativa no contexto escolar, em diferentes modalidades de ensino.

Neste artigo, teço uma reflexão acerca do ensino de literatura, com enfoque na prática da escrita literária em sala de aula como uma importante e potente ferramenta para a formação crítica dos/as alunos/as. A partir de uma discussão acerca do que é literatura (ECO, 2003; EAGLETON, 2006), e de como ela vem sendo ensinada (LAJOLO, 1994; ZILBERMAN, 1990), argumento em prol da exploração da escrita criativa (MORLEY, 2007), mais especificamente, a escrita literária, no âmbito do ensino de literatura como uma maneira de ampliar as possibilidades pedagógicas dessa disciplina. Mas apenas isso: entendendo a necessidade de criação (por meio da imaginação, fabulação) como um traço inerente ao ser humano, conforme apontado por Gullar (2014) e Candido (1995), exploro a maneira como a escrita literária pode funcionar como uma ferramenta utópica (SOUSA, 2007; SZACHI, 1972), que promove uma educação do desejo (LEVITAS, 2011), por meio da qual os/as alunos/as podem exercitar a liberdade de criar mundos outros, lançando um olhar crítico para o mundo à sua volta. Em última instância, tal prática almeja ser uma outra forma cativar os/as alunos/as, tornando-os/as leitores/as críticos/as — objetivo primordial do ensino de literatura.