Este trabalho propõe-se a analisar a configuração territorial do mercado do trabalho no Brasil a partir da distribuição das estruturas ocupacionais de seus municípios. A idéia principal é que a estrutura ocupacional, uma conjugação entre a forma de inserção no mercado de trabalho (classe ocupacional) e a faixa de rednimento dotrabalho principal (estrato econômico), cumpre um importante papel na análise do estágio de desenvolvimento socioeconômico dos municípios e das extremas desigualdades do território brasileiro. A ocupação do indivíduo no mercado de trabalho define sua classe ocupacional, cuja identificação é dada em função do poder político, prestígio social e possibilidade de geração de renda de sua ocupação. Considerando as extremas diferenças distributivas no Brasil, mesmo entre integrantes de classes ocupacionais relativamente homogêneas, define-se ainda um segundo critério de classificação, o estrato econômico, a partir de faixas de rendimento do trabalho principal. As análises baseiam-se em informações da base de microdados do Censo Demográfico 2000, técnicas estatísticas multivariadas de análise de correspondência e cluster, e na distribuição territorial dos grupos municipais em um mapa coroplético. Embora a classificação obtida não permita quantificar as relações entre os municípios brasileiros, permite identificar uma clara hierarquia de desenvolvimento socioeconômico entre os grupos municipais. De maneira geral, identifica-se que a grande maioria dos municípios brasileiros apresenta um baixo padrão de desenvolvimento socioeconômico, com predomínio das atividades agrícolas e uma massa expressiva de trabalhadores mal remunerados. Os poucos municípios urbanos desenvolvidos concentram a maior parte da população brasileira e, embora apresentem uma maior participação relativa de ocupados nos estratos econômicos mais elevados, acabam concentrando grande parte de excluídos do país. A área mais contígua de municípios mais desenvolvidos ocorre próxima aos dois principais estados brasileiros, São Paulo e Rio de Janeiro, além de importantes bolsões de desenvolvimento próximos à faixa litorânea. Os municípios rurais menos desenvolvidos, por sua vez, predominam nas áreas do semi-áridas do país, na floresta amazônica e na tríplice fronteira com os países do Mercosul.L'article traite de la configuration territoriale du travail au Brésil par l'analyse des structures d'activité et des rémunérations à l'échelle des municipes: la combinaison entre les catégories socio-professionnelles et les classes de salaire informe sur les niveaux de développement socio-économique des municipes et sur les inégalités du territoire brésilien. La profession est plus ou moins favorable en termes de revenus, mais elle a aussi des conséquences en termes de prestige social et de pouvoir politique. Compte tenu de l'extrême inégalité des salaires au Brésil, même dans des catégories professionnelles relativement homogènes, l'article prend le montant de salaire de l'activité principale comme second critère de classification. L'analyse statistique multivariée à partir des informations du recensement démographique de 2000 donne matière à une carte qui donne à voir une hiérarchie socio-économique des municipes brésiliens. La plupart des municipes pauvres présentent des activités agricoles dominantes et comptent beaucoup de travailleurs à bas salaire. Les municipes urbains les plus développés concentrent une bonne partie de la population brésilienne et comptent à la fois beaucoup de personnes dans les strates de revenus élevées et beaucoup d'exclus. Les zones contiguës à ces municipes se trouvent à proximité des Etats de Sao Paulo et de Rio de Janeiro, ainsi que près du littoral. Les municipes ruraux les moins développés se trouvent, eux, dans la zone semi-aride, dans la forêt amazonienne et près de la triple frontière avec les pays partenaires du MercosulGeography of labor in Brazil. The purpose of this paper is to examine the territorial configuration of the labor market in Brazil, analyzing the distribution of its municipality occupational structures. The main idea is that the occupational structure, a combination between the labor market position (occupational class) and wage class intervals (economic stratum) plays an important role in examining the municipality stage of socio-economic development and the extreme inequalities of the Brazilian territory. The individual’s occupation defines his occupational class, which is identified in terms of its political power, social prestige and capability to generate income. Considering the extreme wage inequalities in Brazil, even among members of relatively homogeneous occupational classes, it is also defined a second criterion of classification, the economic stratum, using wage class intervals of the major occupation. The analyses are based on information provided by 2000 Demographic Census, correspondence and cluster multivariate statistical techniques, and on the spatial distribution of municipalities in a coropletic map. Although the obtained classification does not allow quantifying the relation between Brazilian municipalities, it allows identifying an obvious socio-economic hierarchy among groups of municipalities. Overall, most Brazilian municipalities show low pattern of socio-economic development, prevailing agricultural activities and a huge number of low-paid workers. The few more developed urban municipalities concentrate most of the Brazilian population and, though presenting a higher participation of employees in top economic stratums, they share most of excluded persons in Brazil. The more contiguous area of high developed counties occurs close to the two main Brazilian states, São Paulo and Rio de Janeiro, apart from important areas of development close to the coast. The less developed rural municipalities prevail in the semi-arid areas of the country, in the Amazon rain forest and close to the triple border with the Mercosur countries.