Compreende-se que a estética e a política constituem as sociedades e que um dos temas fundamentais das narrativas de todo lugar, que compõem parte das obras literárias, têm como base as relações opressor/oprimido e colonizador/colonizado. Apresenta-se para análise, neste artigo, os contos africanos “A revoltas dos bovinos ou o dia que os bois quiseram beber leite”, do maliano Amadou Hampâté Bâ (1900-1991) e “O coelho e os cães selvagens”, do moçambicano Lourenço do Rosário (1989), os quais servirão de suporte para perceber essas relações. Ambos os autores, em diferentes tempos, trouxeram como resultado de suas coletas a publicação das coletâneas de contos africanos que contemplam, principalmente, os leitores e as leitoras infantojuvenis. Hampâté Bâ, em sua coletânea Petit bodiel et autres contes de la savane (1994) e Lourenço do Rosário em Contos africanos (2017) difundem essas narrativas regadas de sátiras morais e sociais, levando-nos a reflexão sobre as relações humanas.