CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico A Planície Costeira de Salinópolis, está inserida na denominada "Zona do Salgado do litoral nordeste do Estado do Pará, perfazendo uma área de aproximadamente 247 km2. Encontra-se associada estruturalmente à uma plataforma tectonicamente estável (plataforma Bragantina), que, atualmente, é interpretada como estando em submersão. Essa planície costeira desenvolve-se sob a influência de um sistema dominado por macromarés (>5 m) estando submetida a um clima tropical chuvoso, com ventos moderados (7,9 m/s), ondas com altura de até 2 m e fortes correntes de maré (1,4 m/s). Geomorfologicamente está compartimentada em 4 (quatro) unidades principais: Planalto Costeiro, com colinas amplas, falésias ativas e inativas e ilhas; Planície Estuarina, caracterizada por Canais Estuarinos, os quais, são largos na foz estreitando-se para o interior (subdivididos em Funil Estuarino, Segmento Meandrante Sinuoso, Segmento Meandrante em Cúspide e Canal de Curso Superior); Planície de Maré, representada pela Cobertura Arenosa Retrabalhada de Supramaré, Manguezal, Cheniers, Baías (Planície Arenosa), Canais e Córregos deMaré; e Planície Litorânea, com os ambientes de Paleodunas, Sistema de Lagos, Campo de DunasCosteiras Atuais, Praias-Flechas Barreiras, Deltas de Maré Vazante e Barreiras Arenosas.O estudo da morfoestratigrafia e estratigrafia permitiu a definição de 13 (treze) unidades morfoestratigráficas: Cobertura Arenosa Retrabalhada de Supramaré; Manguezal (zona de intermaré superior); Chenier; Barras de Canal; Planície Arenosa; Paleodunas; Sistemas de Lagos; Campo de Dunas Costeiras Atuais; Interduna; Leques de Lavagem; Laguna; Crista de Praia; Praia-Flecha Barreira, e 6 (seis) fácies estratigráficos: Lama de Manguezal; Areia e Lama MarinholEstuarino; Areia e Lama de Canal; Areias de Barras Estuarinas; Areia Marinha e; Sedimentos Indiferenciados. A interpretação da história sedimentar da Planície Costeira de Salinópolis, possibilitou a definição de 3 (três) seqüências estratigráficas: Marinha Transgressiva Basal, com ambientes estuarinos e face praial ("foreshore"); Marinha Regressiva ou de Mar Estável, com desenvolvimento de ambientes de planície de maré, chenier e estuarino; e Marinha Transgressiva Atual, com sistemas de praias-flechas barreiras, deltas de maré vazante e barreiras arenosas associadas às baías e dunas eólicas. A evolução dessa planície está diretamente associada às flutuações do nível relativo do mar ocorridas durante o Holoceno. Nesse período, a última transgressão holocênica (6.000 A.P.) erodiu o Planalto Costeiro (Grupo Barreiras), gerando falésias e plataformas de abrasão marinha, afogando a Planície Costeira Pleistocênica e depositando a seqüência transgressiva basal. Uma fase regressiva posterior ou de mar estável instalou-se nessa região, permitindo a formação da zona de progradação lamosa (Manguezal). Durante esse período ocorreram paradas nessa progradação, gerando os cheniers, em função de rápidas oscilações positivas do nível do mar, ou ainda,períodos de redução no suprimento de lama, sob condições de maior energia das ondas e suprimento de areia. Essa planície se encontra atualmente sob uma fase transgressiva, com os sistemas de Praías-Flechas Barreiras, Dunas Eólicas e Barreiras Arenosas transgredindo sobre a Planície de Maré e Planalto Costeiro. Ao mesmo tempo, há o preenchimento dos sistemas estuarinos e, desenvolvimento de Deltas de Maré Vazante nas desembocaduras das baías e canais estuarinos. Esse estudo possibilitou a caracterização da área estudada como um Sistema de Planície Costeira de Macromaré, com complexos de Sistemas de Praias-Flechas-Dunas Barreiras ("beaches-spits-dunes barriers") associados.