Tese de Doutoramento em Psicologia Básica, Crime witnesses’ reports can determine the success of a police investigation or forensic assessment (Fisher, 2010). However, witnesses’ reports rarely fully correspond with what happened or even with what witnesses memorized (Paulo, Albuquerque, & Bull, 2013). Among other social and communicative factors, many processes inherent to human memory can explain why errors and omissions are common in witnesses’ testimonies (Fisher & Geiselman, 2010). Nonetheless, using inappropriate interview techniques, sometimes common in police and forensic interviews, augments this problem often leading to poor testimonies (Milne & Bull, 1999). To obtain the best possible report from witnesses, Fisher and Geiselman (1992) developed an interview protocol drawn from theoretical principles and research concerning human memory for interviewing cooperative witnesses: the Enhanced Cognitive Interview. This interview protocol is now commonly referred to as the Cognitive Interview or CI and has been extensively studied, adapted and used by police forces in various countries (e.g. England and Wales), typically eliciting informative and accurate reports (Paulo et al., 2013). Nevertheless, research on witness interviewing or on the Cognitive Interview in Portugal is very limited. Cooperation among professionals (e.g., police and research teams) is also very rare in Portugal and disclosure or evaluation of police interview protocols is seldom conducted (Paulo, Albuquerque, & Bull, 2014). This first article included in this thesis critically addresses these aspects while also thoroughly describing the Cognitive Interview, theoretical assumptions that justify its use, and summarizing some of the prior research on this subject. Thus, the first article presented in this thesis is a brief literature review to acquaint the reader with some of the research on this subject, address the Portuguese reality with regard to crime witness interviewing, and present the first published Portuguese protocol for applying the Cognitive Interview. The second article included in this thesis evaluates the effectiveness of a Cognitive Interview protocol we translated and adapted for the Portuguese language. As previously found for other CI protocols (Stein & Memon, 2006), the Portuguese CI elicited more information without compromising report accuracy. This was the first published Cognitive Interview protocol ever translated for Portuguese language, adapted and tested with a Portuguese population. In this study, other variables of interest were addressed such as participants’ ability to evaluate their error rate, and the impact of witnesses’ memory capacity and perception of interview appropriateness on witnesses’ reports. In the third article of this thesis, witnesses’ ability to spontaneously and naturally monitor their account when interviewed with the Cognitive Interview was addressed. We found participants were able to spontaneously monitor information they provided with the use of uncertainty verbal expressions such as 'maybe' or 'I think' for reporting less accurate information This research has important implications for practitioners, suggesting professionals can use witnesses’ ability to monitor their own account during the interview as an accuracy marker. Furthermore, this study addressed how other variables such as participants’ motivation to testify could influence their reports. Lastly, since new strategies for obtaining more information from crime witnesses are crucial in this field, we developed a new interview strategy, Category Clustering Recall. This recall strategy allowed the interviewer to obtain more detailed reports and may be useful during investigative interviews. The effectiveness of this recall strategy was evaluated in comparison with the change order mnemonic (forth article) and witness-compatible questioning (fifth article). Also included in this thesis is a general conclusion section where are discussed these studies’ contribution for developing new strategies to obtain better testimony and evaluating report accuracy, and for further understanding the psychological variables inherent to witness interviewing., O relato das testemunhas de um crime pode determinar o sucesso de uma investigação policial ou avaliação forense (Fisher, 2010). No entanto, estes relatos raramente correspondem exatamente ao que aconteceu ou até ao que as testemunhas memorizaram (Paulo, Albuquerque, & Bull, 2013). Entre outros fatores sociais e comunicativos, diversos processos decorrentes do funcionamento da memória humana podem explicar a razão pela qual erros e omissões são frequentes nos testemunhos (Fisher & Geiselman, 2010). O uso de técnicas de entrevista inadequadas, por vezes ainda frequente em contexto policial e forense, exacerba esta problema levando frequentemente à obtenção de fracos testemunhos (Milne & Bull, 1999). Com base na investigação então existente acerca do funcionamento da memória humana e com o objetivo de obter o melhor testemunho possível, Fisher e Geiselman (1992) desenvolveram um protocolo de entrevista para testemunhas cooperantes: a Entrevista Cognitiva Melhorada. Este modelo de entrevista, atualmente designado por Entrevista Cognitiva ou CI, tem sido extensivamente estudado, adaptado e utilizado por forças policiais de diversos países (e.g. Inglaterra e Gales) e permite obter relatos informativos com elevada precisão (Paulo et al., 2013). Não obstante, é ainda muito escassa a investigação sobre a entrevista de testemunhas em contexto policial e forense em Portugal, nomeadamente sobre a Entrevista Cognitiva. É também infrequente a colaboração entre grupos de profissionais (e.g., forças policiais e equipas de investigação) e o estatuto de reserva de divulgação dos protocolos utilizados pelos profissionais impossibilitam o acesso e avaliação dos mesmos (Paulo, Albuquerque, & Bull, 2014). O primeiro artigo desta dissertação procura abordar criticamente estes aspetos bem como descrever pormenorizadamente a Entrevista Cognitiva, quais os pressupostos teóricos que justificam a sua utilização, e resumir alguma da investigação existente. Trata-se assim de uma breve revisão da literatura que pretende familiarizar o leitor com a bibliografia existente acerca deste tema, bem como descrever a realidade portuguesa no que diz respeito à entrevista de testemunhas de crimes. Apresentamos ainda neste artigo o primeiro protocolo publicado em língua portuguesa para a aplicação da Entrevista Cognitiva. O segundo artigo incluído nesta dissertação avalia a eficácia de um protocolo para a aplicação da Entrevista Cognitiva por nós traduzido e adaptado para a língua portuguesa. Neste estudo foi possível concluir que, tal como outros modelos de aplicação da Entrevista Cognitiva utilizados noutros países (Stein & Memon, 2006), este protocolo permitiu recolher relatos mais informativos sem comprometer a precisão dos mesmos. Foi assim testado o primeiro protocolo da Entrevista Cognitiva em língua portuguesa. Neste estudo avaliámos ainda a capacidade dos participantes em predizer a sua taxa de erro, e o impacto da capacidade de memória das testemunhas e da sua perceção acerca da adequabilidade da entrevista no seu desempenho. No terceiro artigo desta dissertação, foi avaliada a capacidade das testemunhas em monitorizar espontaneamente o seu relato quando utilizada a Entrevista Cognitiva. Verificámos que os participantes foram capazes de monitorizar espontaneamente a informação prestada, pois, quando os participantes utilizam espontaneamente expressões como ‘talvez’ ou ‘acho’ para expressar incerteza, a informação adjacente a tais expressões é menos precisa. Esta investigação poderá ter elevado impacto no contexto prático, sugerindo que o profissional poderá utilizar a capacidade que a testemunha tem para monitorizar o seu relato durante a entrevista como um indicador de precisão. Neste artigo é ainda avaliado o impacto de outras variáveis no testemunho, como a motivação do participante para testemunhar. Por último, e uma vez que o desenvolvimento de novas técnicas para obter mais informação por parte da testemunha é fundamental, desenvolvemos uma nova estratégia de entrevista, a Evocação por Categorias. Esta técnica permitiu a obtenção de mais informação e poderá ser um procedimento vantajoso a considerar durante uma entrevista policial ou forense. A eficácia desta estratégia de evocação foi testada comparativamente à mnemónica de mudança de ordem (quarto artigo) e comparativamente a uma estratégia de questionamento compatível com a testemunha (quinto artigo). Foi ainda incluída nesta dissertação uma conclusão geral onde é discutida a importância destes vários estudos, nomeadamente no que diz respeito à contribuição destes para o desenvolvimento de novas estratégias que permitam obter melhores depoimentos e avaliar a precisão dos relatos, bem como para uma melhor compreensão das variáveis de carácter psicológico envolvidas no testemunho., Fundação para a Ciência e a Tecnologia (Referência: SFRH/BD/84817/2012).