Esta dissertação compreende uma crítica ao uso unívoco do conceito de cuidado, bem como a concepções de ensino que reduzem a complexidade do ato de ensinar à mera aplicação de métodos e estratégias. A perspectiva teórica tem como base as ideias da segunda fase do pensamento de Ludwig Wittgenstein, para quem o significado de um conceito é seu uso na linguagem, constituído a partir de regras de natureza convencional que aprendemos do interior de distintos jogos de linguagem e que passam a constituir o que o filósofo denomina de a gramática do conceito. Nesse sentido, o principal objetivo da pesquisa é compor uma visão panorâmica da gramática do conceito de cuidado. Para isso, apresento exemplos de jogos de linguagem relacionados ao uso desse conceito. Os exemplos selecionados foram: cuidado como ação subversiva, em que apresento a história de mães que lutam pelo acesso à Cannabis medicinal para poderem cuidar de seus filhos; a noção de cuidado de si, demonstrada por Michel Foucault a partir de uma historiografia do conceito de cuidado entre os gregos; e, enfim, o cuidado entre o Céu e a Terra praticado por povos indígenas. Esses exemplos se prestam a elucidar que não há uma essência comum a todas as aplicações do conceito de cuidado, mas apenas elos de ligação, em maior ou menor grau, entre esses significados. Na esteira dessa discussão, defendo a ideia de que a forma como se concebe o conceito de cuidado repercute na maneira como se ensina esse conceito. Concluo que o ensino do conceito de cuidado requer espaço no currículo dos cursos de Enfermagem, bem como na formação de professores, visando uma crítica reflexiva, de modo a possibilitar o acesso à pluralidade de possibilidades de ensinar e conceber esse conceito. Evitamos, assim, a colonização da capacidade de reflexão, ao percebermos como cada grupo, em seu respectivo contexto e cultura, organiza suas ações no mundo. O resultado é um ensino menos dogmático e mais compreensivo da realidade cultural e cotidiana. This dissertation entails a critique of the univocal use of the concept of care, as well as of teaching conceptions that reduce the complexity of teaching to the mere application of methods and strategies. The theoretical perspective is based on the ideas from the second period in the thought of Ludwig Wittgenstein, to whom the meaning of a concept is its use in language, constituted from rules of conventional nature we learn from the interior of varied language games. These rules become what the philosopher terms as the grammar of the concept. In this regard, the main aim of the research is to compose a panoramic vision of the concept of cares grammar. In order to do that, I present examples of language games related to the use of this concept. The selected examples are as follows: subversive care, in which I report the story of mothers who fight for the access to medical Cannabis in order to take care of her children; the notion of selfcare, as presented by Michel Foucault by means of a historiography of the concept of care among the Greek; and, eventually, care between Heaven and Earth among indigenous populations. These examples aim at elucidating that there is no common essence to all of them, but only links connecting these meanings to a minor or greater extent. In the wake of this debate, I sustain that the way the concept of care is conceived resonates in the way it is taught. My conclusion is that the teaching of the concept of care demands space in the curriculum of Nursing courses, as well as in the formation of professors, towards a reflexive critique, allowing for the access to a plurality of possibilities to teach and conceive this concept. By doing so, we avoid the colonization of the ability to reflect, as we notice how each group, in its respective context and culture, organizes its actions in the world. The result is an understanding and less dogmatic teaching of the cultural and daily reality.