Silva, Maurício Carlos da, Vieira, Amitza Torres, Abritta, Carolina Scali, Biar, Liana de Andrade, Jácome, Alexandre José Pinto Cadilhe de Assis, and Rocha, Luiz Fernando Matos
Este trabalho identifica a emergência da ideologia na construção de identidades em duas audiências de conciliação no PROCON, adotando-se a abordagem teórico-metodológica da Sociolinguística Interacional (GUMPERZ, 2002; GOFFMAN, 2002). O conceito de ideologia é assumido como um fenômeno instável, situado e influenciado pelo contexto sócio-histórico (BILLIG, 1991; SHI-XU, 2000). No que tange à identidade, parte-se do princípio de que ela emerge durante a interação, é construída e circula no contexto discursivo local (BUCHOLTZ; HALL, 2004) e está orientada para metas específicas (HALL, 2000). Para efeito de análise, procuramos relacionar questões de ordem macrossocial a questões microestruturais. Nesse sentido, foi fundamental a noção de indexicalidade (BLOMMAERT, 2014) enquanto fenômeno intrínseco à prática comunicativa. As pessoas produzem e constroem significados, mobilizando formas linguísticas que indiciam aspectos do domínio sócio-histórico e cultural, por meio de inferências ideológicas. A pesquisa se configura como um estudo de caso de cunho qualitativo, e faz uso de dados reais de fala, gravados e transcritos segundo as convenções do modelo utilizado pelos analistas da conversa (SACKS; SCHEGLOFF; JEFFERSON, 1974). Os resultados do estudo mostram que a dimensão ideológica, nas audiências investigadas, teve como função, primordial, na construção de identidades, orientar a emergência dos sentidos. Já as identidades construídas serviram como recurso argumentativo direcionado a propósitos interacionais específicos: ora para atribuir uma identidade negativa ao opositor, ora para reivindicar uma identidade positiva para si, ou ainda para justificar ou conduzir a tomada de decisões. This work want to identify the role of ideology in the construction of identities in two conciliation hearings in PROCON, adopting the theoretical-methodological approach of Interational Sociolinguistics (GUMPERZ, 2002; GOFFMAN, 2002). The concept of ideology is assumed to be an unstable phenomenon, situated and influenced by the socio-historical context (BILLIG, 1991; SHI-XU, 2000). As regards identity, it is assumed that it emerges during interaction, is constructed and circulates in the local discursive context (BUCHOLTZ; HALL, 2004) and is oriented towards specific goals (HALL, 2000). For purposes of analysis, we seek to relate macrossocial issues to microstructural issues. In this sense, the notion of indexicality (BLOMMAERT, 2014) was fundamental as a phenomenon intrinsic to communicative practice. People produce and construct meanings, mobilizing linguistic forms that indicate aspects of the sociohistorical and cultural domain, through ideological inferences. The research is configured as a qualitative case study, using real speech data, recorded and transcribed according to the conventions of the model used by the analysts of the conversation (SACKS; SCHEGLOFF; JEFFERSON, 1974). The results of the study show that the ideological dimension, in the audiences investigated, had as its primary function, in the construction of identities, orient the signification of meaning. Already the constructed identities served as an argumentative resource directed to specific interactional purposes: sometimes to attribute a negative identity to the opponent, sometimes to claim a positive identity for themselves, or to justify or lead to decision making.