Com grande alegria o volume dois da Revista Baiana de Educação Matemática foi publicado. Ainda vivenciando, em certa medida, o distanciamento social em virtude da pandemia do Novo Coronavírus, este espaço compartilha com seus leitores resultados de investigações científicas realizadas no campo da Educação Matemática. É nesta perspectiva que compreendemos que o debate científico que será suscitado a partir dos textos aqui publicados possibilitará a construção de novos conhecimentos para a área da Educação Matemática. Para além disso, os artigos que compõem este volume tiveram como foco o professor que ensina Matemática, sua formação, a realidade e cultura escolar e o ensino e aprendizagem dessa ciência evidenciando uma pluralidade de referenciais teóricos e metodológicos que contribuem para, na nossa área, o fortalecimento da pesquisa. Vale ressaltar ainda que ao longo deste ano publicamos um dossiê temático intitulado O Estágio Curricular Supervisionado em Matemática nos contextos de ensino presencial, remoto e híbrido que foi organizado pelo Prof. Dr. Dario Fiorentini da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Prof.ª Dr.ª Regina da Silva Pina Neves da Universidade de Brasília (UnB) e pela Prof.ª Dr.ª Maria Dalvirene Braga, também da Universidade de Brasília (UnB). Esse trabalho contou ainda com o auxílio do editor chefe desta revista, o Prof. Dr. Américo Junior Nunes da Silva e o editor assistente Prof. Me. André Ricardo Lucas Vieira. Fiorentini et al (2021, p. 01) destacam no editorial que “o dossiê temático teve como objeto de estudo o Estágio Curricular Supervisionado em Matemática. O referido dossiê teve seu desenvolvimento em diferentes contextos de ensino presencial, remoto e híbrido, totalizando 26 trabalhos, sendo dezenove (19) Artigos e sete (07) Relatos de Experiência. Esses estudos foram produzidos por pesquisadores e pesquisadoras de instituições públicas e privadas, provenientes de todas as regiões do país”. No que tange ao fluxo contínuo da revista, publicamos oito (08) Artigos e (01) Relato de Experiência. O primeiro texto, intitulado “Influências do Estágio Supervisionado para professores de Matemática em início de carreira”, busca compreender escolhas e características das escolas-campo. De autoria de Ulisses Dias da Silva e Ana Teresa de Carvalho Correa de Oliveira, se propõe a investigar as influências do estágio curricular supervisionado obrigatório para professores no início de suas carreiras. Esta pesquisa, que é um recorte de uma tese de doutorado, foi desenvolvida com vinte sujeitos e organizada em seis categorias, a saber: a escola, o estágio acontecendo, as relações construídas, os sentidos construídos pelos sujeitos e o passado no presente. Os autores destacam que os estágios divergem significativamente de instituição para instituição. Apontam que as escolas-campo mais preparadas e com maior acompanhamento possuem impactos mais significativos. E por fim, afirmam que é preciso investir em uma maior integração do estágio ao currículo da licenciatura para melhores resultados formativos. Clarissa Raimundo de Ataide e Walber Christiano Lima da Costa objetivaram no texto, intitulado “Formação de Professores: o estado do conhecimento no ensino de fração para estudantes surdos”, conhecer o panorama das pesquisas que trazem a formação de professores para o ensino de fração com estudantes surdos. Os autores apontam para a utilização da Língua Brasileira de Sinais (Libras) como um fator importante no ensino de fração no contexto dos anos iniciais dos estudantes surdos, visando à inclusão deste público. “Entendimentos de professores que ensinam matemática sobre a relação entre jogo e raciocínio lógico”, terceiro artigo deste volume e de autoria das professoras Renaura Matos de Souza e Ilvanete dos Santos de Souza e do professor Reinaldo Feio Lima, buscou responder ao questionamento de como professores que ensinam matemática, nos Anos Finais do Ensino Fundamental, na rede municipal de Barreiras-BA, entendem os jogos matemáticos como instrumento de desenvolvimento do raciocínio lógico. Neste sentido, os autores destacam que foram abordadas questões que remetem ao ensino de matemática e relacionadas às dificuldades recorrentemente encontradas no processo de ensino e aprendizagem, as práticas metodológicas adotadas em suas aulas, o conceito de jogo e raciocínio lógico, dentre outros. O quarto texto “Depoimentos de alunos concluintes de uma licenciatura sobre o processo de ensino e aprendizagem”, de autoria de Pedro Lucio Barboza, investiga as concepções de alunos concluintes de um curso de licenciatura em matemática sobre o processo de ensino e aprendizagem em diversos níveis de ensino. Nesta perspectiva, o autor, afirma que a maneira e a forma de como caracterizar o ensino para ocorrer a aprendizagem se constitui em um desafio que se encontra em aberto. Edel Alexandre Silva Pontes intenciona no texto “Noção intuitiva no ato de ensinar e aprender matemática por meio de uma atividade de ensino de sistemas lineares com coeficientes positivos”, ressignificar um modelo escolar com responsabilidade pedagógica, alocando o educando como ator de suas aprendizagens, um investigador crítico e conectado com suas realidades e atributos. Assim, o autor parte da concepção de que as dificuldades na compreensão de conceitos matemáticos na Educação Básica são evidentes no desempenho escolar dos educandos, especialmente pelas propostas educacionais suplantadas e que não conseguem aproximar nenhum interesse do aprendiz pelos conteúdos recomendados. E por fim, deixa claro que seu objetivo é afrontar as inquietudes de pesquisadores da Educação Matemática, estabelecendo três pressupostos indispensáveis para minimizar questionamentos sobre o ensino e aprendizagem de matemática, que são: Problema, Causa e Paradigma. “Dramatemática: Teatro e Matemática”, sexto artigo desse volume e de autoria de Vinícius Borovoy de Sant’ana e Maria Beatriz Porto, articula o Teatro com a Educação Matemática a partir da elaboração de um curso de extensão. Visando o desenvolvimento da pesquisa, os autores procuraram responder ao seguinte questionamento: Como a articulação do Teatro e da Matemática, a partir dos jogos teatrais e/ou dramáticos, pode contribuir para a formação de professores de Matemática atuantes nos anos iniciais? Buscando responder ao questionamento, foram aplicadas atividades de linguagem teatral e propostas situações nas quais a Matemática foi apresentada de forma viva e contextualizada. No cenário educacional contemporâneo tem sido uma recorrência enveredar por discussões que considerem o ensino e a aprendizagem como processos que se transversalizam por uma educação contextualizada. Partindo dessa premissa Fabrício Oliveira da Silva e Charles Maycon de Almeida Mota, no texto “Trigonometrizando na roça: Implicações de uma Educação Matemática contextualizada”, apresentam uma reflexão embasada na experiência com o desenvolvimento de práticas docentes em espaços não formais com o intuito de vivenciar os processos de planejamento e avaliação referentes à área da Matemática, utilizando a contextualização de conteúdos para possibilitar aos estudantes, que moram em áreas rurais, uma experiência que desencadeie o desenvolvimento de uma aprendizagem significativa. O texto reflete os contextos da roça, evidenciando como isso pode ser potencializado como lócus para valorização de fazeres na docência que extrapolem os muros da escola e se ampliem pelos contextos de vida de seus estudantes. O oitavo texto intitulado “Conhecimento matemático para o ensino através do Estado da Arte envolvendo Números Racionais em pesquisas brasileiras”, de autoria de Paulo César Oliveira, Beatriz Zero e Reynaldo D’Alessandro Neto teve por objetivo apresentar, a partir de um levantamento envolvendo teses e dissertações, como o referencial do Conhecimento Matemático para o Ensino foi mobilizado em investigações sobre números racionais. A busca foi efetivada em dois bancos de dados, a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações e o Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES. Gevando Lopes Santos e Américo Junior Nunes da Silva objetivaram no texto intitulado “O Laboratório de Estudos e Pesquisas em Educação Matemática e a construção de material didático: o “Semelhâmetro” e o ensino de semelhança de triângulos”, relatar a experiência que tiveram com o processo de criação e validação de um material didático nomeado “Semelhâmetro”, bem como apresentar suas características e passo a passo de sua utilização. Os autores destacam ainda que, esse material foi construído no Laboratório de Estudos e Pesquisas em Educação Matemática do Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia, campus VII, e possibilita a realização de cálculos de distâncias sem a utilização de instrumentos de medidas, tais como fita métrica, trena, etc. Esperamos com mais este número poder contribuir com o fomento das pesquisas no campo da Educação Matemática ampliando o diálogo entre os professores e pesquisadores. Assim, diante de toda essa apresentação, convidamos a você querido leitor a mergulhar conosco nas teias reflexivas desses escritos a fim de poder contribuir com novas pesquisas e desta forma amplificar os estudos e consequentemente o conhecimento na área da Educação Matemática. Boa leitura!